Queridos amigos:
Escrevo na esperança de que todos estejam bem, debaixo do cuidado de Deus. Hoje reparto algumas experiências da viagem missionária à Guiné-Bissau, agradecendo suas orações ao nosso favor.
Escrevo na esperança de que todos estejam bem, debaixo do cuidado de Deus. Hoje reparto algumas experiências da viagem missionária à Guiné-Bissau, agradecendo suas orações ao nosso favor.
Com estima e gratidão,
Pr. Antonio Paulo
_________________________________________________
A viagem de 21 dias para Guiné-Bissau, não foi apenas mais experiência missionária. Foi uma oportunidade rica para a prática do amor cristão, para treinamento e capacitação de obreiros nacionais e para o alargamento de visão dos campos e do reino de Deus, no continente mais carente da terra, o africano._________________________________________________
Em São Paulo, quando juntamos e fechamos as malas: quatro grandes e quatro menores, com cerca de 180 quilos, parecia que estávamos de mudança para Guiné-Bissau. Embora só tivéssemos direito a levar quatro malas, com até 128 quilos, acabamos embarcando com toda a carga, sem pagar excesso de bagagem, a primeira bênção da viagem. Às 22 horas do dia 09 de setembro último, entramos no airbus 340-300 da Turkish Airline, de S. Paulo para Dakar, primeiro estágio da viagem. O avião, com capacidade para mais de 300 pessoas, estava lotado. Lá dentro, os passageiros se mostravam vagamente tensos por estarem num airbus (os modelos airbus andaram caindo últimamente) e por voarem pela rota onde ocorrera o acidente do avião Air France, há aluns meses. Contudo, o voo foi tranquilo, sem turbulências e sem sustos.
Chegamos à capital do Senegal um pouco antes das 10 h da manhã, horário local, 7 h no horário de Brasília. No aeroporto, outra bênção: a liberação da bagagem sem abrir as malas e sem ter que pagar taxa de importação dos materiais. Ali também nos aguardavam dois obreiros da Missão Novas Tribos: um brasileiro e um holandês.
Eles nos levaram para a casa da missão, onde permanecemos a tarde daquele dia e parte da noite. Às 4 h da manhã seguinte embarcamos numa van alugada pela APEC para nos conduzir de Dakar para Gabú, em Guiné-Bissau, destino final da viagem. Além da Ana e eu e de outro professor do Instituto, nos acompanhavam oito obreiros voluntários integrantes da operação Guiné-Bissau.
A nova viagem demorou 17 horas, numa estrada deserta, estreita, asfaltada em grande parte do percurso, mas sem acostamento e sem movimento. Os últimos 100 km se tornaram uma verdadeira aventura. Este trecho, dentro da floresta equatorial da Guiné, não tinha asfalto e as pesadas chuvas da época transformaram a rodovia num lamaçal, com buracos e lagoas profundos, fazendo a van gemer e roncar para transpor. Por se tratar de via internacional, fomos parados e fiscalizados cinco vezes. Em duas ocasiões, tivemos que apresentar passaportes. Na última checagem, já na fronteira dos dois paises, fui chamado de padre, titulo que aceitei sem discutir ou explicar, para não complicar as coisas. utra vez, chegamos em segurança, com todos os nossos pertences. Ali só deixei um livro de Doutrinas Bíblicas e dois CD”s evangélicos, doados aos fiscais.
Após a maratona, o nosso aspecto na chegada devia ser tão deplorável que o diretor da APEC nos convidou para comer no restaurante de um clube de caça da cidade. Outra bênção, para quem estava morto de cansaço e fome.
O sábado e o domingo foram dias de descanso, arrumação e preparação para as aulas das semanas seguintes. Já no domingo à noite, após o culto vespertino, entregamos aos alunos os kits de higiene, contendo: sabonete, escova, creme e fio dental, pente, desodorante e absorvente para mulheres. Não podiam crer em tanta fartura, pois alguns deles não tinham quase nada dessas coisas.
No dia seguinte, soubemos a história de uma aluna, esposa de pastor, que havia brigado com o marido, ao vir para o curso, porque queria trazer o único desodorante que tinham e ele não deixou. “Eu não imaginava que Deus ia me dar muito mais”, dizia emocionada e surpresa.
A abundância dos materiais possibilitou a entrega de kits para as senhoras que trabalhavam na cozinha da escola. Como jamais tinham visto fio dental, pegaram a caixinha e tentaram advinhar o que era aquilo. Seria um par de brincos? Seria um radinho? Nesse ínterim, entrou Fabiana Pinheiro, esposa do missionário brasileiro, que revelou o segredo, explicando também como usar fio dental.
OS ALUNOS, AS AULAS E O LUGAR
Os 25 alunos do Instituto de Liderança formavam uma classe heterogênea. Havia cinco pastores, duas missionárias holandesas e duas brasileiras, mas a maioria era jovem, começando o ministério. Era um grupo alegre, grato e receptivo ao ensino. Mas, durante as aulas de Como Ensinar Doutrinas Bíblicas Para Crianças enfrentamos o desafio da comunicação. Embora entendessem português, o conhecimento deles do vernáculo de Camões era limitado, pois no dia a dia falam crioulo, a primeira língua do país, além de outras 32 línguas tribais. Por isso, tiveram dificuldade de acompanhar o curso.
Para sermos entendidos, tinhamos que falar sempre devagar. Ao final, todos foram aprovados. Quando falávamos com crianças, a dificuldade era maior, precisando de intérprete, como aconteceu quando falei no domingo pela manhã, para mais de 250 crianças.
O II Instituto de Lidernça da APEC na África foi hospedado na Igreja Presbiteriana de Gabú. Ao longo de 11 semanas, o santuário se tornou salão de aula e lugar de culto e as salas do departamento de EBD viraram dormitório para as 13 mulheres do curso.
A Escola Pública Estadual, ao lado da Igreja, se transformou em dormitório para 12 alunos. Isso só foi possível, porque julho, agosto e setembro são meses de férias escolares no país.
Os professores e obreiros, por sua vez, foram alojados numa casa alugada, a poucas quadras do local do curso. Quem ficava nessa residência, só contava mesmo com a casa, pois não havia ali nem um móvel.
Dormíamos no chão, numa espuma que virou colchão. A água do consumo diário vinha da chuva ou de um poço profundo, aberto no quintal. Nesse tempo de chuva, havia mosquito, mas graças a Deus levamos mosquiteiro e repelente. Na segunda noite na casa, fomos visitados no quarto por um sapo, que tremia de frio e nos encarava com os olhos esbugalhados. O inverno ali é tempo de doenças. Ao longo do curso, três pessoas pegaram malária: um aluno, uma auxiliar de cozinha e uma professora.
O clima era outro desafio. Quando chovia, chovia a cântaros. Quando fazia calor, era um calor equatorial insuportável. Imagine o que signicava permanecer dentro de um quarto fechado, à noite, debaixo de um mosquiteiro e sem um ventilador!
No plano ministerial, além das aulas no curso, tivemos oportunidade de pregar e dirigir cultos de oração dos alunos, falar na Escola de Treinamento da JOCUM, além de ministrar num culto com mais de 250 crianças, sem contar os adultos, na Igreja do Curso. A Ana também falou às mulheres da Igreja hospedeira.
Com a entrega das notas, na 6ª feira, 25.09, após o almoço, completamos a tarefa na Escola. Já às 14 h do mesmo dia começamos a longa viagem de volta, cobrindo o primeiro percurso, Gabú-Bissau, com passagem em Bafatá, uma cidade no caminho.
Em Bissau, a capital do país, permanecemos a noite de 6ª e o sábado inteiro, quando participamos de um encontro de pastores e líderes guineenses. Cerca de 50 participaram do evento, que durou o dia todo.
A partir das 6h da manhã de domingo (27.09), começamos a percorrer de carro e ônibus, o último trecho da viagem por terra, entre Bissau e Dakar, onde pegaríamos o avião para o Brasil.
A viagem durou 22 horas e virou uma odisséia, incluindo 17 paradas (com fiscalização e controle de frontreiras entre Guiné-Bissau, Gâmbia e Senegal), a travessia de uma balsa, duas panes e consertos do ônibus, além de muito calor, poeira e espera.
O ônibus usado nesta parte da viagem estava caindo aos pedaços. Tinha capacidade para 25 pessoas, mas levava 39, em estado de sardinha em lata. O calor, o desconforto e as muitas paradas deixaram os passageiros irritados e tensos. Eles discutiam com o motorista em wolof e francês, línguas do Seneagal. Nós, brasileiros, oravámos para sair dali vivos. Ao chegarmos a Dakar, às 4 da manhã do dia seguinte, (2a feira), estávamos exaustos, sujos e famintos, mas com o sentimento de dever cumprido.
À margem do longo caminho de volta, observamos grandes e pequenas plantações de arroz, alimento obrigatório na mesa dos guineenses. A imagem da lavoura, bonita de se ver, tinha íntima ligação com nossa missão na África: treinar obreiros que semearão a Palavra de Deus no coração da criança, a boa terra para a semente do evangelho.
Os frutos serão vistos na eternidade.
Pr. Antônio Paulo e Ana Lúcia Oliveira
Um comentário:
Que Deus abençoe vocês todos aí vamos estar orando aqui no Brasil. Sou Vera da igreja presbiteriana do Jardim Sílvia do municípiom de Embu das Artes em SP. A Paz do Senhor esteja com vocês.
Obs: Sou aluna da APEC em São Paulo.
Postar um comentário